Publicado em 12/06/2018 - ponto-de-vista - Da Redação
Não para mesmo! Veja: o Sol vai e volta. A
Lua, por sua estação e tempo, vai e volta. A viagem tem ida e volta. A chuva, o
frio, o calor vêm e vão embora. O tempo não para, não para não! A rotação
da Terra se divide arbitrariamente em vinte e quatro horas, e o amanhecer e o
anoitecer se sucedem. Isto é: o tempo passa de tal forma que o amanhecer de
ontem não volta, não volta mesmo. Este é o nosso tempo terreno, porque, no
eterno, todos os eventos acontecem ao mesmo tempo. O decorrer do tempo gera a
evolução, a evolução contínua. A estagnação impede o progresso. Quando ouvimos
de alguém, que estamos nos fins dos tempos, queremos entender que tudo vai ser
modificado e acrescido, mas não devemos nos esquecer de que a memória é o
registro dos acontecimentos do passado. As lembranças de quando eu era menino,
brincando com meus coleguinhas de rodar “arquinho”, a brincadeira de finca no
triângulo, pega no salve cadeia, o estilingue, o jogo de bete, a atividade do
pau-de-sebo ou poste engraxado, o jogo de bolinha de gude no triângulo
(biloca), empinar papagaio e arrebentar a linha, correndo atrás do mesmo,
descer velozmente pelos trilhos das calçadas nos carrinhos de rolimãs com freio
nos pés, subir nas árvores frutíferas, jogar futebol com bola de meia, represar
a água das enxurradas que corriam nas “sarjetas” da calçada, após um temporal e
velejar os barquinhos de papel... Era o que havia de bom. Ainda pescar lambaris
nos riachos ao redor da cidade, nadar escondido no ribeirão João Cândido.
Aiaiai! era bom demais: “Onde o vento é brisa/Onde não haja quem possa/Com a
nossa felicidade”. Ai, ai, ai (da composição da cantora Vanessa da Mata), ou
com o escritor mineiro Guimarães Rosa: “Nessas bandas de cá a vida não corre
ligeiro”. Não corre não. Mas o tempo não para.
Fernando de Miranda Jorge
Acadêmico Correspondente da APC
Jacuí/MG – e-mail: [email protected]