Publicado em 08/05/2018 - ponto-de-vista - Da Redação
A rua é o referencial da cidade. Seu nome
não é aleatório, mas essencialmente motivado. Representa condutas, estilos de
vida, sentimentos e detalhes de uma paisagem. Simboliza épocas e traduz os
valores ideológicos da população. É na “rua” que tudo acontece. É lá que
assistimos aos acontecimentos bons e ruins. Quando não saímos, ficando em casa,
não atualizamos as fofocas, não pagamos nossas contas, não vemos as pessoas,
não participamos do cotidiano, da vida da cidade. E tem gente que comemora:
você vive na rua... É preciso, sim, sair e participar dos momentos alegres e
tristes. Rua é rua. Viver na rua é outra coisa, como não tendo nada a fazer,
faz o inexorável: senta num banco do jardim da praça e critica tudo – as
pessoas, o trânsito, as próprias ruas e praças, as calçadas, os entulhos, os
carros de lanches com alvarás cedidos pela Prefeitura, e a logística da
administração pública. É na rua que se ganha grana. A rua é tão importante, que
tem até música: “Na Rua, na Chuva, na Fazenda... ou numa casinha de sapê”. Rua
principal, rua central, rua movimentada onde tudo acontece... Ao entardecer e à
noite, durante o dia, onde ficam as lojinhas, os mercadinhos, as farmácias, as
sorveterias, as padarias, os Bancos, os bares, os restaurantes e as
lanchonetes. É na rua que tudo acontece e independe do tempo – faça chuva, sol
ou frio – é na rua com os lamentos, alegrias, rotinas, movimento e o ritmo
frenético do tráfego dos carros, motos, cavalos e tratores. Gente pra lá e pra
cá. Estamos já acostumados, nem reclamamos mais e, pra variar, todo mundo se
esquece de que a rua é o palco e é onde tudo aparece. “A gente sempre deve sair
à rua como quem foge de casa. Como se estivessem abertos diante de nós todos os
caminhos. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando” (Mário de Miranda
Quintana, poeta e jornalista). É preciso sair à rua. Faz bem andar pela rua. A
sua, a minha, a nossa rua. Se não gosta, se não faz isto, habitue-se, pois, faz
parte da nossa vida.
Fernando de Miranda Jorge
Acadêmico Correspondente da Academia
Paraisense de Cultura
Jacuí/MG – E-mail: [email protected]