Publicado em 01/03/2021 - paulo-botelho - Da Redação
Aonde vai parar a sabedoria que se
perde com o conhecimento? - A resposta fica por conta da implosão do
significado.
Calcula-se que no Brasil os
analfabetos funcionais somem cerca de 75% da população economicamente ativa.
São pessoas com menos de 4 anos de escolaridade e, também, incalculáveis as
pessoas com formação superior que exercem funções-chave em instituições
públicas e privadas. Elas não têm as habilidades de leitura compreensiva,
escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e
tampouco da vida sócio-cultural. - Por que isso ocorre? - Porque são pessoas
que não conseguem entender sinais de aviso de perigo, instruções sobre higiene
e segurança do trabalho, orientações sobre processo produtivo e procedimentos
para a garantia da qualidade.
Não faz muito tempo, por ocasião de
uma palestra (ou workshop) que ministrei na sede da FIESP sobre o tema
"Tratamento de Resíduos Industriais" em que fui interrompido - no
meio da exposição - por um engenheiro: olhar entediado, terno bem cortado,
gravata Hermès e CEO - Chief Executive Officer de uma renomada empresa, a
dizer: "Eu só quero saber em que lugar vou enfiar os resíduos da produção
semanal da minha empresa!" - Resumi para o malcriado (antes de
começar a tratar do tema) o como fazer ou mandar fazer para não gerar resíduos.
- E completei: O Chefe lá do Céu costuma esperar quando as suas criaturas têm
muita pressa!
Uma parcela significativa de
analfabetos funcionais é constituída por aqueles que aprenderam a ler e a
escrever, mas não lêem, sequer escrevem!
O Update (colocar em dia) e o Upgrade
(elevar o nível de compreensão) chegam a causar paralisação mental. Acho mesmo
que determinadas pessoas atrasam o seu próprio desenvolvimento intelectual; e
quando chegam ao momento de seu ajuste com as circunstâncias param de aprender.
Só existe, a meu ver, uma saída para
conter a implosão do significado: investir em educação e treinamento para a
gestão da qualidade. Qualidade não custa dinheiro. O custo da qualidade é a
despesa do trabalho errado, mal feito, sem comprometimento. - É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é
Professor e Escritor.
E-mail: [email protected]
Site: https//paulobotelhoadm.com.br